Eleições, Dólar e Economia Brasileira
Analistas e economistas mais pessimistas já preveem que o dólar no Brasil ultrapasse R$5,00. Os argumentos são válidos e mesmo que haja discordância sobre o teto que o dólar atingirá, há uma certa concordância entre otimistas e pessimistas sobre o cenário atual. O Brasil enfrenta três fatores que contribuem para um dólar alto: eleições, economia nacional em lenta recuperação e economia americana em franco crescimento.
Estes três elementos juntos são uma alavanca para manter o dólar alto. Ingredientes que alimentam a incerteza e a dúvida. E quando falamos de mercado, na dúvida, o capital foge. O investidor simplesmente prefere manter seu dinheiro investido em um porto seguro ou uma enseada – um lugar protegido do mar revolto.
A projeção que faço é de que o dólar poderá ultrapassará os R$4. Mas acredito que ele será mantido neste patamar. Otimista? Nem tanto. Mas não tão pessimista para desprezar os movimentos para segurar este dólar e mantê-lo em uma “alta controlada”.
Antes de explicar o porquê, vamos aos fatos que nos conduzem ao pessimismo. Voltemos aos três fatores que estão pressionando o dólar no momento atual e que pode contribuir com a alta e bater a casa dos R$ 5,00 como dizem alguns analistas.
Primeiro, porque a economia brasileira anda lento. Dificilmente chegaremos a um PIB de 2.3% em 2018 como o Banco Central havia estimado. Os mais pessimistas avaliam que o PIB pode não chegar a 1%. Na projeção que faço, que o crescimento do PIB fique entre 1.2% a 1.5%.
Analisando os números, um PIB com baixo crescimento, mostra que a economia não reagiu como esperado – uma frustração para investidores que querem ver a recuperação como uma das garantias de que estão investindo em “terra firme”.
Segundo, a incerteza sobre o cenário político do Brasil para os próximos anos. A eleição que definirá o futuro do país, em um momento de descrédito político, polarização, escândalos e candidatos que ainda não apresentaram perfis “que agradam o mercado”. Os investidores estrangeiros sempre acompanham o período eleitoral com desconfiança.
Por último, o aquecimento da economia dos Estados Unidos, que acaba pressionando os juros, indiretamente. A economia americana está muito ativa, o que pode, no médio prazo aumentar a inflação. Para equilibrar crescimento e inflação, o banco central norte-americano pode ter de subir os juros.
Os juros de 10 anos nos Estados Unidos estão em torno de 3%, a projeção e de um aumento para 4% ou 4.5%. Se isso se confirma, os investidores podem ser atraídos a voltar os investimentos para os Estados Unidos, e como efeito, uma evasão de recursos do Brasil para o mercado americano.
Estes três pontos reunidos são a conjuntura que deverá manter o dólar em alta no Brasil nos próximos meses e todos em alerta para subidas abruptas – dólar acima de R$4 reais e o cenário que preocupa economistas e quem acompanha os movimentos do mercado brasileiro.
Mas agora vamos falar por que não fazer alarde, e por que não sou adepto do pessimismo extremo. Antes de mais nada, um adendo sobre adversidade.
Pegando emprestado um pensamento de Horácio, o filósofo da Roma antiga: “A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas”. Isso se aplica a tudo na vida e ao mercado. Especialmente falando de Brasil.
Só para arrematar: todos os fatores que vemos atualmente contribuem para a alta do dólar. Eu trabalho com dólar na casa dos R$3.70 a R$3.95, em um cenário de maior alta, pode chegar a R$4,20 para 2018.
Agora, por que motivo eu não faço parte do coro pessimista do dólar acima dos R$5,00? Porque o Brasil tem reservas para intervir a alta do dólar. O Banco Central já interviu em muitas situações para controle e venda da moeda americana.
Em termos de Brasil, a discussão sobre este controle do Banco Central e sobre a “saúde” da nossa economia por ter de usar a intervenção com a venda de dólares, ou a “queima de reservas, é conversa para outro artigo.
Aqui somente é importante dizer que o cenário adverso que enfrentamos, manterá o dólar alto, mas o pessimismo há de ser moderado. Há de se pensar que temos capacidade de minimizar os problemas, enquanto despertamos para soluções de longo prazo.